A tesouraria da igreja é muito mais do que um simples departamento financeiro.
Ela é o coração da gestão responsável pelos recursos que mantêm as atividades espirituais e sociais da comunidade em movimento.
A seguir, você vai entender como ela opera de forma transparente e eficiente para garantir que cada centavo seja usado com sabedoria e propósito divino.
O que é a tesouraria da igreja?
A tesouraria é o setor responsável por administrar todas as entradas e saídas financeiras da igreja.
Isso inclui desde o recebimento de dízimos e ofertas até o pagamento de contas como água, luz e manutenção do templo.
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Qual o papel da tesouraria da igreja?
O principal papel da tesouraria de uma igreja é garantir que os recursos sejam usados de acordo com os valores cristãos e as necessidades da congregação.
Imagine uma igreja sem organização financeira: dívidas se acumulariam, projetos sociais seriam interrompidos e até mesmo a confiança dos membros poderia ser abalada.
A tesouraria evita esse cenário ao criar processos claros para registro de movimentações e prestação de contas à liderança e aos fiéis.
Além disso, ela protege a integridade da instituição contra irregularidades e garante transparência em cada etapa — algo essencial em um tempo onde a credibilidade das organizações religiosas está sob constante avaliação pública.
Qual a função do tesoureiro da igreja?
O tesoureiro é muito mais que um “contador voluntário”. Ele é um gestor espiritual e prático dos recursos da igreja.
Suas responsabilidades incluem:
- Interceder pela saúde financeira: O tesoureiro ora pelos doadores e pela prosperidade da comunidade. Ele reconhece que as finanças não dependem apenas de planejamento humano, mas também da bênção divina sobre aqueles que contribuem com generosidade.
- Gerenciar pagamentos: Ele controla datas de vencimento de contas e negocia prazos com fornecedores se houver imprevistos — sempre priorizando os gastos mais urgentes quando os recursos são limitados.
- Monitorar o fluxo de caixa: Ele registra todas as entradas (dízimos) e saídas (despesas) para evitar surpresas no final do mês. Se houver menos dinheiro disponível do que o previsto para pagar uma conta importante, cabe ao tesoureiro comunicar à liderança e buscar soluções imediatas.
- Arquivar documentos: Notas fiscais, recibos e contratos devem ser guardados com cuidado para eventuais auditorias ou prestações de contas ao conselho fiscal.
- Prestar contas publicamente: Relatórios detalhados devem ser apresentados à diretoria ou à assembleia geral, mostrando como cada recurso foi aplicado.
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Qual deve ser o perfil do tesoureiro da igreja?
Não basta ser bom com números: o tesoureiro ideal precisa unir competência técnica e caráter cristão.
Algumas características são fundamentais:
- Visão estratégica alinhada à missão: Se a igreja prioriza missões ou ações sociais, por exemplo, ele precisa propor orçamentos que reflitam essas prioridades sem descuidar das obrigações básicas (como manutenção do templo).
- Organização e disciplina: Lidar com prazos apertados e documentos complexos exige método — seja usando planilhas digitais ou sistemas de gestão específicos para igrejas.
- Comunicação clara: Saber explicar termos técnicos em linguagem simples ajuda pastores e líderes não financeiros a entenderem o cenário real da instituição — evitando decisões baseadas em “fé sem planejamento”.
- Transparência: Ele deve estar pronto para mostrar relatórios financeiros a qualquer membro que solicitar (desde que autorizado pela liderança), sem medo de críticas ou questionamentos legítimos.
- Ser adaptável: Imprevistos acontecem e o tesoureiro deve ter flexibilidade para ajustar planos rapidamente.
Como organizar a tesouraria da igreja
Criar uma estrutura funcional envolve etapas claras, mas também paciência para ajustes conforme as necessidades mudam. Veja por onde começar:
Passo 1: Avalie a situação atual
Faça um levantamento completo das dívidas existentes, contas fixas mensais (aluguel do templo) e documentos pendentes (como certidões ou estatutos atualizados).
Isso ajudará você a identificar prioridades urgentes.
Passo 2: Estabeleça processos claros
Defina dias específicos para contar ofertas após os cultos — sempre com duas pessoas presentes para evitar erros.
Use sistemas digitais ou planilhas físicas atualizadas diariamente. Automatizar tarefas repetitivas economiza tempo.
Passo 3: Crie uma reserva emergencial
Reserve parte das entradas mensais para imprevistos, como consertos no sistema de som ou auxílio a membros em crise financeira.
O valor ideal varia conforme o tamanho da igreja, mas comece com pelo menos 5% do caixa total mensal.
Passo 4: Implemente auditorias periódicas
Convide membros independentes (não ligados à diretoria) para revisar relatórios trimestrais. Isso reduz riscos de fraudes e reforça sua credibilidade perante a comunidade.
Passo 5: Capacite-se continuamente
Participe de treinamentos sobre gestão financeira voltada para instituições religiosas.
Muitos erros ocorrem por falta de conhecimento técnico — não por má-fé.
Passo 6: Preste contas periodicamente
Regularmente, preste contas para a congregação sobre o estado das finanças, reforçando a confiança e incentivando a contribuição.
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Erros que devem ser evitados na tesouraria da igreja
A gestão financeira de uma igreja exige atenção redobrada. Afinal, um deslize pode comprometer não apenas os recursos da comunidade, mas também sua credibilidade perante membros e autoridades.
Aqui estão os principais erros que você nunca deve cometer:
1) Registrar receitas que ainda não existem
Jamais anote no livro caixa promessas de doações ou ofertas futuras como se já fossem realidade.
Por exemplo: se um membro diz “Na próxima semana vou contribuir com R$ 100,00”, esse valor não pode constar no registro até que esteja fisicamente no caixa.
Por que evitar? Isso distorce a realidade financeira e pode levar a decisões equivocadas, como gastar dinheiro que a igreja ainda não tem.
Além disso, registrar receitas fictícias viola o princípio do regime de caixa e coloca a instituição em risco de inadimplência.
2) Deixar o fluxo de caixa desatualizado
Adiar o registro de entradas e saídas é um convite ao desastre.
Imagine esquecer uma conta paga ou confundir dízimos com ofertas específicas para missões. Isso cria relatórios imprecisos e dificulta o planejamento estratégico.
Uma boa solução para isso é definir um dia fixo na semana para atualizar os registros (como toda segunda-feira) e usar ferramentas digitais para automatizar processos repetitivos.
3) Negligenciar a guarda de documentos
Notas fiscais, recibos e contratos são provas da integridade financeira da igreja.
Não arquivá-los ou armazená-los de forma desorganizada pode ter consequências graves
A imunidade tributária da igreja depende da comprovação rigorosa das movimentações financeiras.
Se uma auditoria identificar falhas na documentação, a instituição pode perder benefícios fiscais e enfrentar multas pesadas.
4) Misturar finanças pessoais com recursos da igreja
Usar a conta bancária da congregação para cobrir gastos pessoais — mesmo que temporariamente — é uma tentação perigosa.
Essa prática mina a transparência e abre precedentes legais sérios, incluindo processos por desvio de recursos.
5) Ignorar obrigações legais e prazos
Pagar contas em atraso ou esquecer declarações anuais são erros comuns em tesourarias sobrecarregadas.
Negligências assim podem levar até mesmo à responsabilização criminal dos gestores.
Para prevenir isso, crie um calendário financeiro com todos os vencimentos (impostos, contribuições trabalhistas) e revise-o semanalmente junto à liderança.
6) Confiar a gestão a pessoas não preparadas
Colocar um membro sem formação em finanças ou treinamento específico para cuidar do caixa é um erro crítico.
Delegar tarefas financeiras a voluntários despreparados (como estagiários ou membros sem conhecimento técnico) pode levar a:
- Classificação incorreta de despesas: Confundir gastos missionários com custos administrativos distorce os relatórios e dificulta o planejamento estratégico.
- Erros em cálculos tributários: Se o responsável não souber aplicar imunidades fiscais corretamente, a igreja pode perder benefícios legais ou enfrentar multas por pagamentos indevidos.
- Falta de transparência: A ausência de registros detalhados ou o uso de métodos ultrapassados (como cadernos físicos sem assinaturas válidas) prejudica auditorias futuras e abala a confiança da congregação.
Para evitar isso, Invista em treinamentos básicos de gestão para tesoureiros ou contrate consultorias especializadas em igrejas.
7) Não adotar medidas básicas de segurança
Contar ofertas sem testemunhas ou permitir cheques pré-assinados são práticas que facilitam falhas humanas e até desvios intencionais.
Sem processos como dupla assinatura em pagamentos e registros compartilhados, fica impossível comprovar transparência em caso de auditorias ou questionamentos da congregação.
8) Descuidar da atualização de documentos legais
Estatutos sociais desatualizados, CNPJ irregular ou atas de reunião fora do prazo invalidam a legitimidade jurídica da igreja.
Como consequência, contas bancárias podem ser bloqueadas, projetos sociais interrompidos e até mesmo a imunidade tributária, perdida.
9) Ocultar crises financeiras da liderança
Se houver insuficiência de recursos para pagar contas, esconder o problema só agrava a situação.
O tesoureiro deve comunicar imediatamente pastores e conselheiros, sugerindo ações como campanhas emergenciais, renegociação com fornecedores ou revisão do orçamento — sempre buscando soluções coletivas e alinhadas à missão da igreja.
A Contabilidade como parceira da tesouraria
Você já parou para pensar que uma tesouraria organizada precisa de um “parceiro de peso” para funcionar sem sustos?
É aqui que a Contabilidade para Igrejas entra em cena.
Enquanto o tesoureiro cuida do dia a dia das finanças (como contar ofertas e pagar contas), o contador atua nos bastidores para garantir três coisas essenciais:
- Tudo dentro da lei: Mantém a imunidade tributária da igreja em dia, evita multas por erros involuntários e ajuda a preparar documentos para auditorias.
- Benefícios fiscais e redução de impostos: Auxilia na parte tributária para pagar o mínimo possível de impostos.
- Relatórios que fazem sentido: Transforma planilhas cheias de números em informações claras. Por exemplo: mostra se as campanhas missionárias estão consumindo mais recursos que o previsto ou se é possível investir em um novo projeto social.
- Assessoria trabalhista: Orienta sobre como registrar funcionários (como zeladores ou músicos) sem infringir leis trabalhistas.
- E mais.
Na Pontes Contabilidade, somos especialistas em igrejas e estamos preparados para ajudar você a organizar a tesouraria da sua instituição.
Entre em contato com um contador especialista em igrejas e agende uma reunião de diagnóstico.